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Publicado em: 16/06/2025

Seletividade alimentar no TEA: atuação conjunta entre Terapia Ocupacional e Nutrição

Aprovação de projeto de lei coloca em destaque a importância da abordagem interdisciplinar no enfrentamento da seletividade alimentar de crianças diagnosticadas com TEA.

A aprovação do Projeto de Lei 4.262/2020 pelo Senado Federal, em 2 de abril de 2025, representa um avanço significativo no cuidado à população com Transtorno do Espectro Autista (TEA). O texto, que aguarda sanção presidencial, inclui a terapia nutricional como parte do atendimento garantido pelo Sistema Único de Saúde (SUS), com base em diretrizes clínicas e protocolos terapêuticos. Essa conquista traz à tona a importância de abordagens interdisciplinares no enfrentamento de desafios comuns no TEA, como a seletividade alimentar.

A seletividade alimentar, por ser um fenômeno complexo, exige, dependendo da gravidade do quadro, a atuação de vários profissionais: psiquiatras, psicólogos, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, gastroenterologistas. A proposta do PL 4.262/2020, ao ampliar a oferta de terapias nutricionais, abre espaço para consolidar uma rede de cuidado que vá além do conteúdo do prato — e contemple também o ato de comer como expressão de autonomia, saúde e inclusão.

Estima-se que entre 40% e 80% das crianças com diagnóstico de TEA apresentem seletividade alimentar — quadro caracterizado pela rejeição persistente a determinados alimentos, levando a dietas extremamente restritivas e com baixo valor nutricional. Além de comprometer a saúde física, essa condição afeta a qualidade de vida da criança e de sua família.

Seletividade alimentar no TEA: nem “frescura”, nem “birra”

A atuação da Terapia Ocupacional nesse cenário exige uma abordagem ampla e individualizada. Para a profissional, não se trata apenas de trabalhar pré-requisitos motores ou aplicar exposições graduais aos alimentos. A alimentação deve ser vista como uma ocupação multifacetada, que envolve habilidades sensoriais, motoras, cognitivas, emocionais e sociais. O objetivo é promover a participação ativa e com sentido da criança no contexto das refeições, respeitando seu tempo, suas necessidades e seu ambiente familiar.

Segundo a terapeuta ocupacional Dra. Larissa Monteiro - pós-graduada em Desenvolvimento Infantil e Intervenção Precoce no modelo centrado na família pelo Instituto Inclusão Eficiente, com habilitações adicionais pela Universidade do Sul da Califórnia e formação e imersão Internacional em seletividade alimentar pela clínica Aytona, na Espanha -, o primeiro passo é entender que a seletividade alimentar vai além de “frescura” ou birra. Muitas vezes, a criança apresenta reações intensas diante de certos alimentos — como engasgar, cuspir, chorar ou sair da mesa ao ver ou sentir o cheiro de um alimento. A recusa pode estar relacionada à sensibilidade tátil, aversão a texturas, cores e cheiros específicos, ou até a experiências emocionais anteriores negativas. “É fundamental avaliar com profundidade o que está por trás dessa recusa: é sensorial? Emocional? Relacional?”, explica Larissa.

Entre as estratégias utilizadas pela Terapia Ocupacional estão as intervenções sensoriais, estimulação de habilidades motoras, promoção da autorregulação emocional, incentivo à autonomia nas refeições e capacitação familiar. A família, aliás, é peça central nesse processo. “É ela quem sustenta a rotina alimentar e dá continuidade às estratégias fora do ambiente terapêutico. Quando empoderada, essa família se torna protagonista da mudança”, reforça Dra. Larissa.

A Nutrição, por sua vez, cumpre papel complementar e igualmente essencial. A nutricionista é a profissional responsável por avaliar o estado nutricional, propor cardápios individualizados e garantir que as adaptações alimentares respeitem as necessidades da criança. “Enquanto a Nutrição responde à pergunta ‘o que essa criança pode ou deve comer?’, a Terapia Ocupacional investiga ‘como, por que e em que condições essa criança consegue se alimentar?’”, resume a Dra. Larissa.

Intervenção da Terapia Ocupacional quadruplicou tipos de alimentos aceitos pela criança

A integração entre essas áreas é o que permite intervenções eficazes e humanizadas. Um exemplo disso foi o caso de uma criança acompanhada por Dra. Larissa, que por anos consumia apenas quatro alimentos. Com um plano terapêutico baseado em treinamento familiar e intervenção gradual, a menina passou a aceitar dezesseis alimentos em poucos meses. 

“O mais marcante não foi só o número de alimentos, mas a transformação da família, que deixou de se sentir impotente e passou a conduzir o processo com segurança e esperança”, relata a terapeuta ocupacional.