A Câmara Técnica de Saúde Suplementar do CREFITO-3 publicou o Parecer Técnico nº 01/2025, que responde a uma demanda da Ouvidoria sobre glosas em procedimentos fisioterapêuticos com base na justificativa de “uso específico da Fisiatria”
Aprovação de projeto de lei coloca em destaque a importância da abordagem interdisciplinar no enfrentamento da seletividade alimentar de crianças diagnosticadas com TEA.
Publicado em: 31/07/2021
1º de agosto: Dia Mundial da Amamentação
O mês de agosto é conhecido também por Agosto Dourado por simbolizar a luta pelo incentivo à amamentação, sendo a cor dourada relacionada ao padrão ouro de qualidade do leite materno.
Neste domingo, dia 1º de agosto, é celebrado o Dia Mundial da Amamentação. A data foi criada em 1992 pela Aliança Mundial de Ação pró-amamentação (World Alliance for Breastfeeding Action - WABA) com o objetivo de promover o aleitamento materno e a criação de bancos de leite. A comemoração da data faz parte da Semana Mundial de Aleitamento Materno, que ocorre anualmente em 150 países entre os dias 1º e 07 de agosto.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a amamentação é a principal forma de fornecer ao bebê os nutrientes necessários para sua sobrevivência e seu desenvolvimento. Dados do Ministério da Saúde estimam que o aleitamento materno seja capaz de diminuir em até 13% a morte de crianças menores de 5 anos por causas preveníveis. Além disso, o leite materno é o único alimento que contém anticorpos e outras substâncias capazes de proteger a criança de muitas doenças, como diarreia, infecções respiratórias e alergias, bem como reduzir o risco de asma na fase adulta, desenvolvimento do Diabetes tipo 2 e obesidade. A fisioterapeuta Dra. Cristine Homsi Jorge Ferreira, docente do Departamento de Ciências da Saúde da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - USP, responsável pela área de Fisioterapia na Saúde da Mulher, explica que “bebês que são amamentados têm melhor capacidade visual, desenvolvimento motor, cognitivo e social. A amamentação possui também benefícios para a mãe como a diminuição do sangramento materno no pós-parto auxiliando na prevenção de hemorragias, previne o câncer de mama e de ovário, previne osteoporose, ajuda recuperar peso pré - gestacional”.
De acordo com a terapeuta ocupacional e Consultora em Amamentação Dra. Graciela Vargas, os benefícios cientificamente comprovados da amamentação para a saúde da mãe e da criança, ao longo da vida, são inúmeros. “Para a mãe, o ato de amamentar reduz risco de depressão e promove sensação de bem estar devido a liberação de ocitocina, previne câncer de mama, diminui significativamente o risco de câncer no ovário e alguns estudos demonstram que a amamentação está relacionada a uma menor incidência de fraturas por osteoporose no quadril, vértebras e extremidades superiores. Sendo assim, podemos dizer que estimular a amamentação, além de um ato de proteção, é promover ações de prevenção e promoção em saúde, diminuindo, inclusive, gastos públicos com tratamentos ao longo da vida.” Ela aponta que o aleitamento materno influencia diretamente na taxa de mortalidade por doenças infecciosas, além de diminuir os riscos de diarreia, otite, alergias e infecções respiratórias. Já a longo prazo, o leite materno ajuda a fortalecer o sistema imunológico, diminui chances de desnutrição, obesidade e Diabetes, impacta na menor incidência de leucemia, e já é comprovado que o leite materno beneficia o desenvolvimento cognitivo e psicossocial da criança”.
Atuação da Fisioterapia
A Fisioterapia em Saúde da Mulher possui um importante papel na promoção e nos cuidados acerca de todos os ciclos de vida da mulher, inclusive na lactação e na relação materno-infantil. Dra. Cristine Homsi destaca que o fisioterapeuta especialista em Saúde da Mulher possui um amplo trabalho de estímulo ao aleitamento materno e suporte para que as mulheres possam amamentar com o maior conforto possível. “Nós oferecemos orientações gerais à mulher para que ela obtenha sucesso na amamentação e orientações específicas para que a amamentação seja confortável e não dolorosa. Realizamos orientações preventivas relacionadas a postura adequada da mãe e do bebê na amamentação, orientações para alívio de dor muscular tensional e dores relacionadas a complicações que ocorrem com frequência como ingurgitamento mamário, traumas mamilares e mastite, além do tratamento por meio de recursos fisioterapêuticos para auxílio na cicatrização do mamilo em casos de traumas mamilares”, diz.
Olhar integral
Dra. Cristine reforça também que é preciso lançar um olhar de integralidade para as mulheres em relação à amamentação. “Existe uma percepção coletiva de que a amamentação é algo instintivo e fácil, entretanto, aspectos sociais, psicológicos, culturais e econômicos podem gerar grande dificuldade na amamentação e, em decorrência disso, muitas mulheres param de amamentar precocemente. Na prática clínica, oferecer informação e suporte às mulheres de modo empático e compassivo são os aspectos mais importantes da atuação do fisioterapeuta e outros profissionais de saúde da equipe obstétrica”. Além dessas orientações, a fisioterapeuta afirma que “ensinar as mulheres a perceber o corpo e dissipar a tensão, continuar se cuidando é muito importante, pois o estilo de vida da mulher muda muito após a maternidade e há uma tendência da sociedade em geral em negligenciar os cuidados com a mulher nesta fase quando todas as atenções se voltam ao bebê. A retomada das atividades físicas, a recuperação no pós-parto para retorno do corpo à sua melhor capacidade física-funcional constitui papel ímpar do fisioterapeuta da saúde da mulher”.
Sobre as dificuldades no processo de amamentação, bem como o momento certo de procurar o fisioterapeuta em Saúde da Mulher, Dra. Cristine explica que o ideal seria que toda gestante e toda a puérpera tivessem acesso rotineiro ao fisioterapeuta. “ Nós temos uma ampla atuação junto à gestante e à puérpera, por isso as orientações devem ser oferecidas de modo preventivo pelo fisioterapeuta. Em relação aos sintomas de possíveis complicações relacionadas à amamentação, é importante enfatizar que a atuação da equipe interprofissional é essencial. As dificuldades na amamentação, especialmente no início da amamentação, são muito frequentes, daí a importância do fisioterapeuta estar presente como contratado de todas as maternidades, uma vez que se trata de um importante membro da equipe obstétrica.” Ela acrescenta que no ambiente das maternidades, o fisioterapeuta irá contribuir com seu conhecimento ímpar para o sucesso da amamentação em uma fase que favorece a prevenção das complicações e o oferecimento de habilidades que serão úteis para o resto da vida da mulher. “Caso a mulher não tenha sido orientada por um fisioterapeuta na Maternidade ou no domicílio, irá se beneficiar grandemente consultando-se com um Fisioterapeuta especialista em Saúde da Mulher para receber todas as orientações que contribuirão para o sucesso da amamentação, para o seu conforto, funcionalidade e recuperação geral e específica incluindo os músculos do assoalho pélvico”. Dra. Cristine alerta para sintomas como vermelhidão, febre e outros. “Caso tenha vermelhidão nas mamas, febre, ingurgitamento mamário (acúmulo de leite nas mamas, causando dor e aumento do volume das mamas), deve imediatamente procurar o serviço de saúde em que está sendo atendida para receber orientações da equipe de obstetrícia.”
Atuação da Terapia Ocupacional
A Terapeutia Ocupacional Dra. Graciela Vargas conta que decidiu se aprofundar e se capacitar em aleitamento materno para ajudar mães e bebês, a partir de uma experiência pessoal. “Passei por desafios próprios da maternidade e fui desencorajada a amamentar algumas vezes não só por pessoas da minha rede de apoio como por profissionais da saúde. Com o passar do tempo, percebi que muitas outras mulheres do meu entorno apresentavam as mesmas dificuldades que eu havia vivenciado, na grande maioria das vezes, pautadas pelos mitos e informações desatualizadas que rondam a temática da amamentação e que são propagados inclusive nos serviços de saúde.”
Atenção pré e pós-natal
Em relação à atuação da Terapia Ocupacional no aleitamento materno, Dra. Graciela explica que “hoje, a atuação da Terapia Ocupacional em aleitamento materno está mais relacionada a contextos hospitalares em UTI Neonatal, porém sua intervenção dentro da rede de Atenção Básica também é de suma importância. A formação como terapeuta ocupacional permite ter um olhar diferenciado na saúde materno-infantil no que diz respeito à atenção pré e pós-natal.” Entre as ações do terapeuta ocupacional, além das orientações referentes à pega e ao posicionamento da criança durante a mamada, à postura da mãe e adaptações no ambiente para favorecer conforto e saúde de ambos, o profissional atua fornecendo orientações relacionadas às atividades de cuidado com o bebê, importância do contato corporal e informação baseada em evidências sobre a importância do aleitamento materno para um melhor desenvolvimento global da criança.
“Muitas vezes, nos vemos na função de orientar quais os melhores estímulos para facilitar este desenvolvimento, pensando em estratégias e recursos externos e esquecemos que o mamar e o que envolve a amamentação (olhar da mãe, contato corporal, contorno, cheiros e sons, por exemplo) já são, por si só, estímulos grandiosos desta primeira etapa do desenvolvimento. Também é importante levar em consideração as grandes mudanças na rotina, vida pessoal e profissional das mulheres quando se tornam mães e se deparam com novos desafios que não haviam sido considerados, pois infelizmente ainda romantizamos a maternidade. Tudo isso pode levar a uma série de sentimentos relacionados à culpa e à incapacidade que interferem diretamente no sucesso da amamentação”, afirma.
Dra. Graciela acrescenta que a formação como terapeuta ocupacional também permite atuar na escuta e acolhimento da mãe, auxiliando no processo de assimilação, planejamento e organização das tarefas da nova rotina, considerando o contexto de cada família, fortalecendo, implementando estratégias e engajando a rede de apoio da mulher na participação das atividades cotidianas a fim de facilitar e estimular o processo de amamentação exclusiva até os 6 meses de idade e complementar com outros alimentos até os dois anos ou mais. Quanto às dificuldades no aleitamento materno, a Dra. Graciela explica que “em casos que existam questões médicas que impossibilitem a amamentação em livre demanda como em contextos hospitalares, por exemplo, momento de retorno ao trabalho ou mesmo a decisão informada sobre o desmame gradual, o terapeuta ocupacional pode intervir auxiliando a mãe em planejar e implementar estratégias que visem garantir o aleitamento materno através da organização da rotina para ordenha de leite, formas de oferecê-lo e treino do uso de copinho ou colher dosadora quando a mãe opta por não utilizar bicos artificiais. O mais importante é entender e acolher a mãe, oferecer informação qualificada baseada em evidências para que o binômio mãe-bebê sejam impactados da forma mais positiva possível com essa decisão.”