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Publicado em: 02/04/2025

Autismo: o papel essencial da Fisioterapia e da Terapia Ocupacional no TEA

A contribuição da equipe multidisciplinar, em especial de terapeutas ocupacionais e fisioterapeutas, nas intervenções terapêuticas de estimulação precoce, é fundamental para o desenvolvimento da criança com Transtorno do Espectro Autista.

Dia 2 de abril é o Dia Mundial de Conscientização sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA), data instituída pela Organização Mundial da Saúde para nos lembrar da importância de ampliar o conhecimento, reduzir o preconceito e, principalmente, garantir acesso a uma intervenção eficaz, ética e multiprofissional desde os primeiros sinais.


Falar sobre TEA não é só falar de diagnóstico. É falar de acolhimento, escuta e de um cuidado que começa na base – quando um bebê, muitas vezes antes mesmo de falar, já sinaliza ao mundo, de forma sutil, que precisa de um olhar a mais. Olhar esse que deve vir da família, da escola e dos profissionais de saúde. Mas, principalmente, de uma equipe multidisciplinar capaz de atuar de forma integrada para desenvolver o potencial dessa criança. E, nesse time, fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais não são coadjuvantes: são fundamentais.


O olhar e a ação da Fisioterapia


A Dra. Bianca Luca, fisioterapeuta especializada em neuropediatria, lembra que o diagnóstico do TEA, durante muito tempo, acontecia tardiamente, o que fazia com que muitas crianças perdessem uma janela de desenvolvimento crucial entre 0 e 2 anos. “A gente falava em estimulação precoce, mas hoje chamamos de estimulação essencial. Porque não é antes da hora, é no tempo certo – no tempo da criança”. A Fisioterapia, segundo ela, é parte estratégica dessa intervenção, pois trabalha aspectos como hipotonia, equilíbrio, marcha, reações de proteção e coordenação motora. Tudo isso com o objetivo de ajudar a criança a conquistar autonomia e evitar consequências futuras, como quedas, encurtamentos musculares e limitações funcionais. O trabalho começa lá atrás, quando o bebê não fixa o olhar, não busca o contato físico e tem um padrão motor alterado. E segue ao longo da vida, inclusive na vida adulta, quando pessoas com TEA ainda podem apresentar dificuldades motoras, de planejamento ou de coordenação. A Fisioterapia atua para fortalecer o corpo e a segurança de quem vai crescendo e precisando se adaptar ao mundo.


Terapia Ocupacional: “organizando o caos”


A terapeuta ocupacional Dra. Cinthia Sant’Anna França traz um olhar sensível e técnico sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA), destacando a relevância da integração sensorial no desenvolvimento e bem-estar dessas crianças. Segundo a especialista, cerca de 99% das crianças com TEA apresentam algum grau de disfunção no processamento sensorial. Isso significa que os estímulos do ambiente – como cheiros, sons e texturas – podem ser percebidos de maneira intensificada e desorganizada, resultando em crises e comportamentos frequentemente mal interpretados.


“Nesse contexto, a Terapia Ocupacional tem um papel fundamental, ajudando a organizar esse caos interno e proporcionando à criança mais segurança no próprio corpo, na rotina e nas interações sociais”, explica a Dra. Cinthia França.


Além disso, a Terapia Ocupacional atua no desenvolvimento das chamadas Atividades da Vida Diária (AVDs) – como alimentação, higiene e vestuário – e também no brincar. “O brincar é essencial, pois é por meio dele que a criança aprende a se expressar, a compreender o mundo ao seu redor e a estabelecer conexões”, destaca a especialista.


A história da pequena Maitê


Contada com carinho pela mãe, Jéssica Cardoso, a jornada da menina Maitê, que tem hoje 6 anos, mostra na prática o poder transformador desse cuidado partilhado entre Fisioterapia e Terapia Ocupacional.


Jéssica percebeu muito cedo que algo estava diferente em relação ao desenvolvimento da filha e, ao buscar ajuda, encontrou nas profissionais de Fisioterapia e Terapia Ocupacional um verdadeiro farol. Maitê, que não olhava nos olhos, não pedia, não falava e tinha extrema seletividade alimentar, passou por mudanças profundas com o suporte dessas duas profissionais que, além de atenderem a menina, acolheram a família. Maitê aprendeu a se vestir, a ir ao banheiro, a brincar no parquinho, a planejar movimentos e a ganhar autonomia. E, como consequência inesperada, inspirou a mãe a entrar na faculdade de Terapia Ocupacional.


Jéssica, hoje estudante do terceiro semestre de Terapia Ocupacional, resume o impacto desse cuidado: “A Terapia Ocupacional e a Fisioterapia trouxeram não só desenvolvimento para a minha filha, trouxeram respiro para minha família. Trouxeram vida”. E acrescenta algo essencial: “Muitas famílias ainda não sabem o que esses profissionais fazem. Não sabem que, por trás de uma bola, de um circuito ou uma escova de dentes, há ciência, estratégia e afeto E que esse trabalho é tudo. Não é ‘só brincar’, como definem alguns pais, ainda no início dos atendimentos”.


Celebrar o 2 de abril é também reforçar que a intervenção no autismo precisa ser feita com escuta, com ética e com múltiplos olhares. E que, quanto antes ela começar, maiores são as chances da criança conquistar não só habilidades, mas dignidade, qualidade de vida, independência e pertencimento.


E para isso, a atuação integrada entre Fisioterapia e Terapia Ocupacional não é só desejável – ela é essencial.