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Publicado em: 07/04/2017

A contribuição da Terapia Ocupacional na atenção à pessoa com depressão

A Organização Mundial da Saúde elegeu como tema da Campanha pelo Dia Mundial da Saúde, celebrado neste dia 7 de abril, a depressão.

Principal causa de problemas de saúde e incapacidade em todo o mundo, a depressão, de acordo com as últimas estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), atinge mais de 300 milhões de pessoas em todo o mundo - um aumento de mais de 18% entre 2005 e 2015.

Uma abordagem da equipe multiprofissional -em especial na detecção precoce dos sintomas da depressão - conta com a significativa participação do Terapeuta Ocupacional.

Importância da intervenção precoce

 Drª Jamile Albiero, terapeuta ocupacional delegada do Crefito-3, defende que o profissional de saúde deve estar sempre atento a sintomas precoces – e muitas vezes sutis - de depressão.

Ela aponta dois problemas recorrentes nos serviços de saúde, ambos com potencial para trazer prejuízos aos sujeitos em sofrimento psíquico, e que se referem à avaliação adequada dos sintomas apresentados: ou ocorre a desvalorização de sintomas que, a princípio, se apresentam em suas formas mais leves, ou, no extremo oposto, ocorre a supervalorização da tristeza. 

Drª Jamile explica:

 “A depressão pode aparecer mascarada, sob sintomas que, aparentemente, são leves. O risco de não se detectar essas manifestações sutis é deixar de intervir precocemente para evitar consequências mais graves num quadro que, se adequadamente detectado, poderia ter um bom prognóstico. Na outra ponta, temos a supervalorização da tristeza. Perder o emprego, perder pessoas queridas, exigem um necessário período de luto. A atenção básica, por vezes, supervaloriza a tristeza como diagnóstico. Não se permite o tempo necessário para enfrentamento do luto, já se partindo para a medicalização. Medicaliza-se a vida por falta de tempo e paciência para escutar. E a escuta exige tempo e disponibilidade para o outro. No sistema em que vivemos não há tempo para isso”.

O papel do terapeuta ocupacional

Drª Jamile acredita que existem outros caminhos possíveis, por meio da atuação da equipe multiprofissional na atenção básica – e nesse cenário, a atuação da Terapia Ocupacional representa uma grande ferramenta para acessar a depressão, ainda em seus estágios iniciais. A reorganização do cotidiano do sujeito é compreendida como primeira medida a ser adotada, com um olhar sobre as suas atividades de trabalho, suas atividades cotidianas.

“Cerca de 80% dos casos de depressão leve podem ser resolvidos na própria UBS, por meio de grupos de trabalho de terapia comunitária, ou terapias integrativas, com as quais já temos experiências bem-sucedidas”.

Contexto social atual favorece o enfraquecimento de laços

A sociedade em que vivemos hoje, de acordo com Drª Jamile, favorece o aumento de casos de depressão. “Não há como falar sobre ansiedade, sobre depressão, sem falar desse momento histórico que vivemos. Individualidade, vida acelerada, presença ostensiva da tecnologia, crises na política, na economia, nas finanças. Tudo isso provoca impactos na saúde mental”.

Um outro aspecto que tem favorecido o adoecimento e a depressão é a redução das redes de apoio dos indivíduos. Estudos comprovam que pessoas que têm suas redes de apoio empobrecidas (família, amigos, grupos e convivência, entre outros), têm mais chances de adoecer.

Ela defende, como abordagens da Terapia Ocupacional, orientar as atividades das pessoas que acessam os seus serviços com diagnóstico de depressão, para uma necessária promoção do gerenciamento do stress. “Orientar o indivíduo para o equilíbrio do tripé ‘atividade/alimentação/repouso’. Promover o equilíbrio entre trabalho e autocuidado”, esclarece. Além disso, incentivar a pessoa a buscar participar de mais grupos sociais, para ampliar os laços afetivos, é também um caminho a ser explorado.

A prática do terapeuta ocupacional com pacientes diagnosticados com depressão

Drª Carolina Becker é terapeuta ocupacional e atua com pacientes do CAPS II Ibiúna.

Suas atividades junto à equipe multiprofissional com pacientes em sofrimento psíquico – inclusos os pacientes com depressão –, desde o acolhimento até o momento de alta, buscam promover o regate das vivências anteriores ao estado depressivo, a oferta de opções de atividades nas quais os sujeitos encontrem um real sentido, o desenvolvimento da autoestima e da capacidade de organizar a própria vida.  Atividades como as desenvolvidas nos grupos de música; de pintura e desenho, de culinária, ou nos grupos de beleza no CAPS Ibiúna, permitem que os pacientes desenvolvam um desejo pela socialização, a vontade de compartilhar experiências. “Essas atividades acabam tendo reflexos em outros aspectos da vida do indivíduo”, explica Drª Carolina. “Na troca de experiências, a apatia, a falta de desejo e interesse, vão desaparecendo”, conclui. 


Crédito da Imagem: Organização Mundial de Saúde