Aprovação de projeto de lei coloca em destaque a importância da abordagem interdisciplinar no enfrentamento da seletividade alimentar de crianças diagnosticadas com TEA.
Reconhecimento da especialidade pelo COFFITO ocorreu em 13 de junho de 2008
Matéria destaca o processo de recuperação do ex-zagueiro Lúcio, que sofreu queimaduras em 18% do corpo após um acidente doméstico.
Publicado em: 12/09/2018
Dia 10 de setembro - Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio e a Campanha Setembro Amarelo
Essa data foi
criada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pela Associação Internacional
para a Prevenção do Suicídio em 2003 para estimular que os países discutam o
suicídio e formas de prevenção. No Brasil, temos a Campanha Setembro Amarelo,
realizada desde 2014, por iniciativa do Centro de Valorização da Vida (CVV),
Conselho Federal de Medicina (CFM) e Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).
Segundo dados de 2012 da OMS, mais
de 800 mil pessoas se suicidam todos os anos, estimando-se que acontece um
suicídio a cada 40 segundos no mundo todo.
Em 21 de setembro de 2017, o
Ministério da Saúde divulgou o primeiro Boletim Epidemiológico de Tentativas e
Óbitos por Suicídio no Brasil. Chama a atenção a alta taxa de suicídio entre
idosos com mais de 70 anos e entre jovens, principalmente de homens indígenas.
A meta da OMS é reduzir 10% dos
óbitos por suicídio até 2020 e a partir do referido Boletim o governo
brasileiro criou a Agenda Estratégica de Prevenção do Suicídio com propostas de
ações em três eixos: Vigilância e Qualificação da Informação, Prevenção do
Suicídio e Promoção da Saúde, Gestão e Cuidado, com a finalidade de construir
até 2020 o Plano Nacional de Prevenção do Suicídio. Entre as propostas estão:
capacitação de profissionais, orientação da população e de profissionais da
mídia, expansão e fortalecimento da rede de assistência em saúde mental,
principalmente nas áreas com maior risco, monitoramento anual dos casos.
De acordo com o Sistema de
Informação de Mortalidade (SIM), no Brasil, em média 11 mil pessoas/ano tiram a
própria vida, sendo que em 2015 o suicídio foi a quarta maior causa de morte na
faixa etária entre 15 e 29 anos, a terceira maior causa entre homens e a oitava
entre as mulheres desse grupo.
Entre 2011 e 2015, o país apresentou
aumento da taxa de mortalidade por suicídio por 100 mil habitantes – de 10.490
(5, 3%) para 11.736 (5,7%).
Entre 2011 e 2016 foram registrados
176.226 casos de lesões autoprovocadas, sendo que deste total, 48.204 (27,4%)
foram tentativas de suicídio e, na maioria, por mulheres (69%). As mulheres
foram mais reincidentes nas tentativas de suicídio, mas os homens morreram 3,
6% mais do que as mulheres. Quanto aos meios, envenenamento e intoxicação foram
os principais utilizados (57,6), seguidos de objeto pérfuro-cortante (6,5%) e
enforcamento (5,8%). Quanto à faixa etária, os idosos com mais de 70 anos
morreram mais por suicídio (8,9%), sendo que 5,5% foi a média nacional. Com
relação à raça, os indígenas morreram mais do que a branca, negra e amarela,
sendo a incidência maior entre os indígenas de 10 a 19 anos.
Quanto à situação conjugal, entre
2011 e 2015, a proporção de solteiros/viúvos/divorciados foi maior (60,4%) do
que os casados/em união estável (31,5%).
Em quase todos os municípios
brasileiros há notificação de suicídios, com variações regionais. As taxas de
suicídio entre jovens das grandes cidades, indígenas da região Centro Oeste e
lavradores do interior do Rio Grande do Sul, são próximas dos países do leste
europeu e da Escandinávia. Entre 2010 e 2015, a maior concentração ficou na
região sudeste com 38% dos casos.
A notificação tornou-se obrigatória
a partir de 2011 e deve ser realizada em até 24 horas. Entretanto, a
subnotificação acontece e a realidade pode ser ainda mais preocupante.
Segundo Chiaverini et al. (2011), os
fatores de risco podem ser: sociodemográficos, psicológicos e psiquiátricos.
Entre os fatores sociodemográficos
estão: sexo masculino; faixa etária entre 19 e 49 anos e acima dos 65 anos; os
separados/divorciados, seguidos dos solteiros, depois os viúvos e, por último, os
casados; estratos econômicos mais ricos e mais pobres; desempregados e
aposentados; ateus, protestantes têm mais riscos que católicos e judeus;
isolamento social.
Já os fatores psicológicos podem ser:
perda recente; perda dos pais na infância; instabilidade familiar; reação às datas
importantes (ex.: aniversários); traços de personalidade tais como,
impulsividade, agressividade, humor lábil; história familiar de doença afetiva,
alcoolismo ou suicídio.
Com relação aos fatores
psiquiátricos: depressão, uso abusivo de álcool ou outras drogas,
esquizofrenia, síndromes orgânico-cerebrais; transtorno de personalidade;
tentativas anteriores de suicídio; doenças físicas incapacitantes, dolorosas ou
terminais.
Já quanto aos fatores de proteção, estimativas
afirmam que a existência de CAPS no município reduz em 14% o risco de suicídio.
Fortalecimento das redes sociais de apoio e ações intersetoriais com foco na
promoção de saúde também são importantes estratégias de proteção.
Portanto, considerando o perfil
epidemiológico no Brasil, os fatores de risco e de proteção e o impacto social
e familiar do suicídio/tentativas do suicídio, é de extrema relevância que os
fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais que compõem a Rede de Atenção à Saúde
em todo o território nacional, assim como os demais profissionais de saúde,
participem dos processos de qualificação das suas práticas na prevenção do
suicídio, sejam orientados sobre a importância da notificação e recebam
informações técnicas sobre acolhimento, encaminhamento responsável e
articulação da Rede de Atenção Psicossocial (CAPS, Atenção Básica, Hospitalar e
Urgência e Emergência).
Especificamente, os terapeutas
ocupacionais inseridos nas Redes de Atenção Psicossocial têm um papel
importante nas equipes que acolhem essa demanda, respeitando o disposto na
Resolução COFFITO nº 408 de 18 de agosto de 2018 que disciplina a Especialidade
Profissional Terapia Ocupacional em Saúde Mental e toda a prática e produção
acumulada da profissão no campo da Saúde Mental em consonância com os
pressupostos da Reforma Psiquiátrica e de Políticas Públicas que garantam o
cuidado singular, em rede e no território.
Estratégias voltadas para o
fortalecimento pessoal e da rede de apoio podem ser fundamentais na prevenção
de novos episódios, além de ofertas terapêuticas voltadas para a promoção de
saúde como um dos objetivos da Terapia Ocupacional.
Referências:
BOTEGA, N. J.
Avaliação e manejo do risco suicida. In: MATEUS, M. D. (org.). Políticas de
saúde mental: baseado no curso Políticas públicas de saúde mental, do CAPS Luiz
R. Cerqueira. São Paulo: Instituto de Saúde, 2013.
CHIAVERINI D.
H. (Organizadora)... [et al.].Guia prático de matriciamento em saúde mental [Brasília, DF]: Ministério da Saúde: Centro
de Estudo e Pesquisa em Saúde Coletiva, 2011.
Ministério da
Saúde (BR). Secretaria de Vigilância em Saúde. Boletim Epidemiológico [Internet].
Vol. 48 – nº 30 – 2017: Perfil epidemiológico das tentativas e óbitos por
suicídio no Brasil e a rede de atenção à saúde. Disponível em: http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2017/setembro/21/2017-025-Perfil-epidemiologico-das-tentativas-e-obitos-por-suicidio-no-Brasil-e-a-rede-de-atencao-a-saude.pdf
https://www.ufrgs.br/telessauders/noticias/dia-mundial-prevencao-suicidio/