A Câmara Técnica de Saúde Suplementar do CREFITO-3 publicou o Parecer Técnico nº 01/2025, que responde a uma demanda da Ouvidoria sobre glosas em procedimentos fisioterapêuticos com base na justificativa de “uso específico da Fisiatria”
Aprovação de projeto de lei coloca em destaque a importância da abordagem interdisciplinar no enfrentamento da seletividade alimentar de crianças diagnosticadas com TEA.
Publicado em: 01/07/2021
Fisioterapeutas precisam compreender toda a complexidade relacionada à queda do idoso
Especializada em Gerontologia, a fisioterapeuta Dra. Larissa Viveiro defende que fisioterapeutas de todas as especialidades conheçam os fatores de risco para quedas em idosos, e as possíveis consequências multidimensionais à vida da pessoa idosa
A queda no idoso, desde as mais leves até as mais graves, podem resultar em muitas consequências na vida dessa pessoa, que vão muito além de uma fratura de fêmur (fratura de quadril). Quem alerta para essa realidade é a fisioterapeuta Dra. Larissa Alamino Pereira de Viveiro, especializada em Fisioterapia em Gerontologia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de São Paulo (HC-FMUSP) e pesquisadora no Laboratório de Estudos em Tecnologia, Funcionalidade e Envelhecimento da (FMUSP).
Ela revela muitas outras consequências de um episódio de queda, como o surgimento de incapacidades, surgimento do medo de cair novamente, limitações funcionais, redução de atividades e mudança de hábitos de vida. Como consequência mais grave, o óbito.
“O idoso pode se auto-enxergar como incapaz de realizar as atividades, e isso vai repercutir na forma como ele vive; vai repercutir na qualidade de vida dele”, explica Dra. Larissa.
Características que tornam o idoso mais propenso a quedas
Dra. Larissa explica que a literatura em geriatria e gerontologia identifica alguns fatores que podem predispor pessoas idosas a riscos ampliados de quedas: ser idosa, com idade avançada, em uso de muitos medicamentos - dentre eles, os psicotrópicos. Idosas depressivas, viúvas, inativas, com algum nível de alteração cognitiva, têm maior chance de sofrer quedas. Ela acrescenta também, como fatores que potencializam os riscos, a existência de um histórico de quedas, o estado psicológico, o estado nutricional, em que se apresenta baixo aporte nutricional e a inatividade física.
Fatores de risco podem ser intrínsecos, extrínsecos e comportamentais
Segundo a Dra. Larissa, são três os principais fatores de risco para ocorrência da queda: fatores intrínsecos, extrínsecos e comportamentais.
Dentre os fatores extrínsecos, ela cita os riscos ambientais, existentes na própria casa do idoso. “Podem representar risco de queda a forma de disposição dos móveis na casa, a existência de tapetes, de objetos espalhados pela casa (especialmente brinquedos, quando o idoso compartilha o ambiente com crianças). Até o tipo de vestimenta que a pessoa usa, pode ser um fator que colabora para a ocorrência da queda”, revela Dra. Larissa.
Já para o idoso institucionalizado, aquele que vive em Instituição de Longa Permanência para Idosos (ILPI), ele está exposto a um risco maior de quedas. A Dra. Larissa explica que isso se deve a alguns fatores. “Idosos institucionalizados são mais vulneráveis, apresentando um grau maior de fragilidade. Além disso, estão em um ambiente diferente do que seria a casa deles”, explica. Ela também alerta para o fato de muitas vezes, estarem em constante tratamento, tomando muitos medicamentos.
Um outro fator que a Dra. Larissa destaca em relação ao risco de quedas nas ILPIs, é que, caso o idoso apresente muitas quedas, ele pode ser submetido à restrição de movimentação, como tentativa de diminuir o risco de quedas. “Esse imobilismo pode, justamente, ser a causa de novas quedas”, explica.
Possibilidades de intervenção do fisioterapeuta
De acordo com a Dra. Larissa, as possibilidades de intervenção do fisioterapeuta para prevenção de quedas em idosos devem ser pautadas pela compreensão de que cada idoso é único. A partir desse entendimento, o fisioterapeuta deve buscar conhecimento sobre os fatores de risco, e saber quais desses fatores cada idoso apresenta, em qualquer dos ambientes em que está presente.
A partir da identificação dos fatores, o profissional pode atuar especificamente sobre cada um daqueles em que a assistência fisioterapêutica representa um diferencial. “Nós, fisioterapeutas, vamos atuar principalmente nas alterações intrínsecas relacionadas à marcha e ao equilíbrio”, define Dra. Larissa.
A seguir, ela cita um exemplo hipotético:
“Por exemplo, eu avalio a integração sensorial de um paciente idoso com problemas de equilíbrio, e verifico que ele não está com uma boa integração dos três sistemas sensoriais envolvidos para o controle postural e precisa do sistema somatossensorial mais atuante. Neste caso, preciso aumentar o input sensorial dele, promovendo condições para que este sistema atue de uma forma melhor”.
Todo fisioterapeuta pode conhecer mais sobre as questões das quedas em idosos
Porém, a Dra. Larissa destaca que a atuação do fisioterapeuta na prevenção de quedas não se limita aos fatores exclusivamente funcionais. “Ao realizar o rastreamento dos fatores de risco para quedas, identificamos muitas vezes alguns nos quais não podemos atuar e devemos saber encaminhar esse paciente a colegas das demais profissões, como médicos geriatras, nutricionistas, terapeutas ocupacionais e outros”, recomenda.
Dra. Larissa defende que, independente da área de especialização profissional, é importante que todos os fisioterapeutas conheçam mais sobre as questões envolvidas na prevenção de quedas em idosos, saibam identificar e avaliar os riscos, e que nunca deixem de considerar as características individuais de seus pacientes idosos.
“Precisamos entender a queda em sua complexidade. Não é apenas saber os fatores de risco. É preciso saber como avaliar cada um desses fatores, e lembrar que não existe uma ‘receita de bolo’, um protocolo de atendimento da Fisioterapia para esse indivíduo. É preciso entender esse indivíduo idoso em todo o seu contexto biopsicossocial, e saber de que forma podemos atuar para evitar que novas quedas aconteçam e, de que forma podemos dar mais segurança para que ele ande mais seguro, e portanto, para que faça suas atividades de forma segura”.