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Publicado em: 25/07/2021

“Você veio de escola pública, né? Já é mais difícil para você acompanhar”

Reflexões da Dra. Lílian Maria dos Santos, fisioterapeuta especializada em Pilates

Sobre a vivência como única mulher preta na turma de graduação em Fisioterapia


“Na maioria das vezes, as pessoas dizem sentir saudades da época da faculdade,  para mim, foi um período de muita dificuldade, para me sentir aceita, incluída. A Fisioterapia que eu conheci na graduação, é uma Fisioterapia branca, elitista, e muito segregadora. Eu passei por situações bem complicadas na graduação, que fizeram com que eu me posicionasse como mulher preta,  e que me moldaram como profissional”


“Fui da primeira turma do Programa Prouni. Era vista como “aquela que não vai conseguir acompanhar, aquela que vai dar trabalho”. Um professor, bem renomado na PUCCamp, me disse: ‘Olha, você precisa escolher - ou se dedica à faculdade, ou trabalha. Até porque você veio de escola pública, né? Já é mais difícil para você acompanhar’. Fui pega de surpresa. Só consegui responder: ‘A gente vai se encontrar no dia da minha formatura’. Me graduei, junto com todos os outros alunos da turma, mesmo trabalhando. Quem me entregou o diploma foi justamente esse professor”.


Sobre a relação profissional-paciente/cliente/usuário


“Para exemplificar como é ser uma mulher preta, fisioterapeuta, atuando na especialidade de Pilates, conto o caso de uma mulher que conversou comigo pelas redes sociais, e marcou uma aula para conhecer o método, conhecer o estúdio de Pilates. Quando ela chegou ao estúdio, falou comigo que estava procurando a fisioterapeuta Lílian. Quando respondi que era eu, ela disse ‘Nossa, eu imaginava você totalmente diferente: loira, alta, magra’. Respondi que ali ela encontraria uma fisioterapeuta preta, não tão alta e nem tão magra. Ela logo se defendeu, dizendo que não era racista. Contornei a situação, apresentei o método. A mulher nunca mais voltou”


“Se nos posicionamos, somos vistas como afrontosas, como arrogantes. Não é justo a gente passar por essas situações, por conta do lugar de onde vim, do lugar onde estudei e, principalmente, por conta da cor da  pele. A gente não pode naturalizar isso nunca. Meu lugar é onde eu quiser”.


Sobre estudos voltados à saúde da população negra na graduação


“Eu queria ter feito meu TCC sobre um tema voltado à saúde da população negra. Queria ter  tratado da contribuição da Fisioterapia para  as pessoas com anemia falciforme. Não encontrei nenhum professor que quisesse me orientar nesse tema. Também encontrei pouco material, pouca literatura sobre o assunto, e acabei desistindo. Me arrependo. Naquele contexto, a saúde da população preta não interessava. Poderia ter brigado um pouco mais, e ter conseguido espaço para essa pesquisa” .