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Publicado em: 25/07/2021

“Barreiras explícitas não existiram. Mas as barreiras veladas, intrínsecas, existem”

Reflexões da Dra. Ingred Merllin Batista de Souza, fisioterapeuta, mestra e doutoranda da Universidade de São Paulo. Coordenadora da Comissão Permanente de Direitos Humanos e Coordenadora da Comissão de Comunicação do Crefito-3

Sobre a pouca representatividade das mulheres negras em cargos importantes


“Não me vejo nos meus pares, seja enquanto pós-graduanda no doutorado na Universidade de São Paulo, seja enquanto fisioterapeuta. Não me vejo representada quando vejo cargos importantes na profissão e que não estão ocupados por pessoas parecidas comigo, que tenham meu fenótipo, meus traços, e que entendem o que pessoas como nós passamos para chegar onde nós estamos”.


“Eu, como mulher preta, na época da graduação em Fisioterapia, não tive professora preta. Tive três professores, fisioterapeutas pretos, durante os quase cinco anos da graduação. No mestrado e no doutorado, não tive professores pretos. Esta ausência se repete quando olhamos os cargos importantes - sejam eles de gestão, seja de chefia, seja uma presidenta - em grandes companhias, ou instituições de ensino, educação e pesquisa, por exemplo”.


Sobre barreiras encontradas, enquanto mulher preta fisioterapeuta


“Barreiras explícitas não existiram. Mas as barreiras veladas, intrínsecas, existem. Uma delas é quando não me reconhecem como profissional de saúde; quando não me reconhecem como fisioterapeuta. Pensam que posso ser tudo, menos uma profissional de saúde”.


“Já perdi vagas de emprego para pessoas menos qualificadas do que eu, mas com perfil estereotipado, “diferenciado”, que era o perfil que a empresa queria. Meu currículo não foi o suficiente, mas o “cartão de visitas” da outra candidata, era o que os contratantes queriam”.


Sobre as barreiras na graduação e  para a ascensão acadêmica


“As barreiras também têm a ver com o ensino, durante a formação como fisioterapeuta. É necessário que a mulher preta se esforce muito para superar essas barreiras, que já estão intrínsecas, como a falta de títulos, falta de idiomas, falta de especialização e cursos de aprimoramento. Tudo isso também reflete a questão social da população preta no país”.


Sobre a abordagem ainda precária da saúde da população negra na graduação


“A Política Nacional da Saúde da População Negra é recente; ainda está engatinhando. A população negra é acometida por várias doenças, com questões sociais envolvidas no processo de saúde. Não há como negligenciar. Já existem professores, pesquisadores, que já estão atuando, discutindo a questão do letramento da saúde da população negra”.  


“Existem alguns fóruns, algumas discussões nos cursos de graduação em Fisioterapia que tratam da saúde da população negra. Mas nada existe implantado pelas Diretrizes Curriculares Nacionais. Na minha graduação, na Universidade Federal do Amazonas, não vi esse tema abordado”.


“A saúde da população negra deve ser um assunto tratado em todas as graduações da saúde. Para que os futuros profissionais saibam o que o racismo ocasiona, o que o racismo institucional ocasiona, o que as desigualdades sociais ocasionam para a saúde desta população, que é a maioria no Brasil”


Sobre a percepção do aumento da diversidade e da representação no Crefito-3


“Estou começando a me ver nos pares, e, principalmente, começando a reconhecer que outros profissionais que estão atuando no Crefito-3 compreendem que as pautas da população negra são importantes. Compreendem a importância de contar com pessoas diversas nas vivências , em vários segmentos e sentidos, como também demonstrar para a sociedade que existem fisioterapeutas pretas, pardas, indígenas, brancas..."