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Publicado em: 15/09/2021

15 de setembro: Dia Mundial de Conscientização sobre Linfomas

A data busca conscientizar a população sobre a importância de identificar precocemente os sintomas do linfoma, ajudando a facilitar o seu tratamento.

Nesta quarta-feira, dia 15 de setembro, comemora-se o Dia Mundial de Conscientização sobre Linfomas. O principal objetivo da data é conscientizar a população sobre a importância de identificar precocemente os sintomas do linfoma, ajudando a facilitar o seu tratamento. Segundo o INCA (Instituto Nacional do Câncer), “Linfoma ou Doença de Hodgkin é um tipo de câncer que se origina no sistema linfático, conjunto composto por órgãos (linfonodos ou gânglios) e tecidos que produzem as células responsáveis pela imunidade e vasos que conduzem estas células através do corpo”. Estatísticas do INCA apontaram estimativas de novos casos em 2020, no Brasil, sendo, no total,  2.640 casos, 1.590 ocorridos em homens e 1.050 em mulheres.  


O INCA explica que “o linfoma se espalha de forma ordenada, de um grupo de linfonodos para outro grupo, por meio dos vasos linfáticos. A doença surge quando um linfócito (célula de defesa do corpo), mais frequentemente um do tipo B, se transforma em uma célula maligna, capaz de multiplicar-se descontroladamente e disseminar-se. A célula maligna começa a produzir, nos linfonodos, cópias idênticas, também chamadas de clones. Com o passar do tempo, essas células malignas podem se disseminar para tecidos próximos, e, se não tratadas, podem atingir outras partes do corpo. A doença origina-se com maior frequência na região do pescoço e na região do tórax denominada mediastino”. O linfoma pode ocorrer em qualquer faixa etária, mas é mais comum entre adolescentes e adultos jovens (15 a 29 anos), adultos (30 a 39 anos) e idosos (75 anos ou mais). Os homens têm maior propensão a desenvolver o linfoma de Hodgkin do que as mulheres.


Para falar sobre a atuação da Fisioterapia e da Terapia Ocupacional em pacientes com Linfomas, o Crefito-3 convidou, para compor um artigo de opinião, a fisioterapeuta Dra. Maria Gabriela Andrade Lucena, Especialista em Fisioterapia Oncológica pela Associação Brasileira de Fisioterapia em Oncologia, e a terapeuta ocupacional Dra. Jussara Pereira, graduada pela Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto  com especialização em Hospitalar e em Atenção ao Câncer.


Atuação da Fisioterapia Oncológica no Tratamento dos Linfomas


"No dia 15 de setembro é celebrado o Dia Mundial da Conscientização sobre Linfomas. O câncer apresenta-se como um grave problema de saúde pública, entre os tipos de cânceres, os linfomas são muito comuns. Linfomas são cânceres do sistema linfático e a subdivisão é feita entre Linfoma Hodgkin (LH) e Linfoma Não Hodgkin (LNH), que são ramificados em mais de 20 subtipos diferentes.


Segundo o GLOBOCAN, no ano de 2020, em ambos os sexos, ocorreram 83.037 mil casos de Linfoma Hodgkin sendo a estimativa para 2040 de 107 mil novos casos, 544.352 mil em 2020 e 834 mil no ano de 2040 de casos de Linfoma Não Hodgkin no mundo. As maiores taxas de incidência encontram-se na Ásia, Europa, América do Norte, África, América Latina, Caribe e Oceania. Para o Brasil o Instituto Nacional de Câncer (INCA), estima que para cada ano do triênio 2020/2022, sejam diagnosticados no Brasil 12.030 novos casos de

linfoma não Hodgkin (6.580 em homens e 5.450 em mulheres) e 2.640 de Linfoma Hodgkin (1.590 homens e 1.050 mulheres).


O tratamento dos linfomas consiste em radioterapia, quimioterapia, imunoterapia e transplante de medula óssea. Os pacientes apresentarão efeitos colaterais fisiológicos e psicológicos importantes, incluindo, atrofia muscular, alterações de peso, diminuição da capacidade aeróbica, diminuição de força e flexibilidade, depressão, fadiga, náusea, dispneia, e consequentemente perda da qualidade de vida. Entre os efeitos colaterais, a fadiga está presente em 90% dos pacientes, e entre as causas podemos ressaltar a inatividade, pois é comum a equipe multidisciplinar e familiares, recomendarem hábitos sedentários para proteger o paciente, no entanto, o indivíduo irá desenvolver um ciclo de fadiga autoperpetuante.


Para o manejo desses efeitos adversos é necessário a atuação de uma equipe multiprofissional composta por: médicos, fisioterapeutas, enfermeiros, terapeutas ocupacionais, dentista, psicólogos, assistentes sociais, nutricionistas, a fim de promover atendimento especializado com excelência.


A Fisioterapia em Oncologia é uma importante aliada no controle desses efeitos deletérios causado pelo tratamento e/ou imobilismo sendo a terapia realizada em ambiente hospitalar, ambulatorial ou domiciliar. A literatura demonstra que a atividade física é um fator protetor, aumentado a função imunológica, especialmente as células natural Killer, diminui os riscos para o desenvolvimento e recidiva do câncer, atenua os efeitos causados pelo tratamento a curto e longo prazo, melhora tolerância à droga e diminui a caquexia causada pela doença.


O exercício é considerado uma ferramenta importante para melhorar a qualidade de vida e a sobrevida dos pacientes com câncer. A literatura científica demonstra que níveis mais altos de atividade física estão associados a uma mortalidade geral mais baixa por câncer. O exercício, durante e após o tratamento, é uma ferramenta eficaz para melhorar a capacidade funcional, força muscular, mobilidade funcional (ou seja, otimizando o equilíbrio, é possível diminuir o risco de queda e fraturas), fadiga, bem-estar psicológico, atenua os

sintomas de depressão e ansiedade, e otimiza a imagem corporal. Os estudos sugerem que um programa a partir de 8 semanas de exercícios aeróbicos, de equilíbrio e de força combinados são o modelo ideal para o manejo da fadiga, gerando autonomia e qualidade de vida ao paciente.



Esse programa de exercício deverá ser multimodal (aeróbico, resistência, equilíbrio e flexibilidade) e isto será determinado de acordo com a especificidade de cada paciente. Avaliando exames laboratoriais, status nutricional e cardiorrespiratório. 


Outro ponto forte a ser abordado pela Fisioterapia são os facilitadores para o programa de exercício sendo eles: exercícios de fácil aplicabilidade e segurança, explicação convincente sobre a importância da realização; apoio supervisionado por especialistas e a concomitante orientação e recomendação dos médicos, pois os pacientes tendem a aderir melhor as orientações.


Considerando os benefícios à saúde, em 2018 foi publicada A Diretriz Americana de Atividade Física e esta recomenda a prática de atividade física aeróbica de moderada intensidade 150 minutos por semana, ou 75 minutos de atividade intensa, somatizando 2 vezes na semana um treinamento resistido que envolva grandes grupos musculares.


Hoje, trago o depoimento de uma paciente muito querida chamada Beatriz Calconi, uma jovem de 23 anos que, no ano de 2019, foi diagnosticada com Linfoma Hodgkin. Seu tratamento foi composto de poliquimioterapia, imunoterapia e transplante de medula óssea."


“Eu sentia muita falta de ar e cansaço aos pequenos esforços devido a pneumonite causada por toxicidade da imunoterapia utilizada para tratar um Linfoma Hodgkin. Durante a minha internação hospitalar, a fisioterapia teve um papel muito importante na minha recuperação, pois os exercícios me ajudaram a desenvolver força muscular, ganho de condicionamento e melhora do cansaço. O uso da VNI auxiliou na minha recuperação pulmonar, ajudando a não piorar o meu quadro e promovendo melhor qualidade de vida. Além disso, os exercícios

realizados durante a fisioterapia, ajudaram na diminuição do uso do oxigênio.” (Beatriz Calconi)



(Dra. Maria Gabriela de Andrade Lucena – Crefito- 3, 127324-F. Fisioterapeuta pelo

Centro Universitário São Camilo, Pós-graduada em Fisioterapia Oncológica e

Hospitalar pelo Hospital A.C.Camargo, especialista em Fisioterapia Oncológica

ABFO/COFFITO. Membro da Associação Brasileira de Fisioterapia em

Oncologia. Atualmente mestranda do curso de Pós-Graduação em Ciência

Cirúrgica Interdisciplinar da Universidade Federal de São Paulo. Fisioterapeuta

do Hospital Paulistano e da Beneficência Portuguesa de São Paulo)


 Terapia Ocupacional em Linfomas


“Terapia Ocupacional é um campo de conhecimento e de intervenção em saúde, educação e a esfera social, que reúne tecnologias orientadas para a emancipação e autonomia de pessoas que, por diversas razões ligadas a problemáticas específicas (físicas, mentais, sensoriais, sociais), apresentam - temporária ou definitivamente- limitações funcionais e/ou dificuldades na inserção e participação na vida social. 


O terapeuta ocupacional presta assistência ao ser humano, tanto no plano individual quanto coletivo, participando da promoção, prevenção de agravos, tratamento, recuperação saúde e cuidados paliativos, bem como estabelece a diagnose, avaliação e acompanhamento do histórico ocupacional de pessoas, família, grupos e comunidades, por meio da interpretação do desempenho ocupacional dos papéis sociais contextualizados, sem discriminação de qualquer forma ou pretexto, segundos os princípios de saúde, de qualquer forma e pretexto, segundo os princípios do sistema de saúde, de assistência social, educação e cultura, vigentes no Brasil.

Câncer

O Instituto Nacional do Câncer (INCA) define câncer como nome dado a um conjunto de mais de 100 doenças que têm em comum o crescimento desordenado (maligno) de células que invadem os tecidos e órgãos, podendo espalhar-se (metástase) para outras regiões do corpo. Dividindo-se rapidamente, estas células tendem a ser muito agressivas e incontroláveis, determinando a formação de tumores (acúmulo de células cancerosas) ou neolplasias malignas. Por outro lado, um tumor benigno significa simplesmente uma massa localizada de células que se multiplica vagarosamente e se assemelha ao seu tecido original raramente constituindo um risco à Vida.

Incidência estimada conforme a localização primária do tumor e sexo

O Linfoma de Hodgkin (LH) pertence a um grupo de cânceres que se originam no sistema linfático (os linfomas), sistema este que produz as células responsáveis pela imunidade. Ele apresenta a característica de se espalhar de forma ordenada de um grupo de linfonodos para outro; podendo ocorrer em crianças, adolescentes e adultos. As taxas de LH são mais altas entre adolescentes, adultos jovens (15 a 29 anos), adultos (30 a 39 anos) e entre adultos mais velhos (75 anos ou mais). Os homens são mais propensos do que as mulheres a desenvolver linfoma.


O Linfoma não Hodgkin (LNH) é um tipo de câncer que tem origem nas células do sistema linfático e que se espalha de maneira não ordenada. O sistema linfático faz parte do sistema imunológico, o que ajuda o corpo a combater infecções e doenças. Como o tecido linfático é encontrado em todo o corpo, o linfoma pode começar em qualquer lugar. Pode ocorrer em crianças, adolescentes e adultos. De modo geral, o LNH torna-se mais comum à medida que as pessoas envelhecem. As pessoas brancas são mais propensas do que os negros e os homens são mais predispostos do que as mulheres. Existem mais de 20 tipos diferentes de LNH que se formam a partir de diferentes tipos de glóbulos brancos.


Assistência da Terapia Ocupacional (TO) em Linfomas

O raciocínio clínico e as possíveis intervenções com essa possibilidade de diagnóstico vão ser semelhantes ao que a literatura aponta como possibilidade para pacientes oncológicos.

Em oncologia, a assistência prestada em Terapia Ocupacional pode ocorrer desde o nível preventivo até a alta do tratamento ou a terminalidade, envolvendo: prevenção e promoção de saúde e recuperação, cuidados paliativos, humanização. E, portanto, engloba a população pediátrica até o idoso, e pode estar em diversos locais de atendimento: unidades básicas de saúde e centros de saúde, hospitais, ambulatórios, serviços de quimioterapia e radioterapia, domicílio, casas de apoio, entre outros.


O programa de tratamento é definido a partir das necessidades e problemáticas de cada paciente sendo considerado: condições clínicas; significado que assume a doença para cada pessoa em particular; atitude do paciente diante a vida, problemática atual, condições de saúde/doença; precedentes educacionais, étnicos, religiosos e sociais; idade e sexo; variáveis psicológicas; situação familiar.


A avaliação tem como propósito: conhecer as incertezas, temores e dificuldades do paciente decorrente do diagnóstico de câncer; determinar se a intervenção terapêutica é necessária; verificar grau de autonomia e independência, nas atividades essenciais do cotidiano do paciente; determinar precauções e/ou contraindicações para a realização das atividades de acordo com a fase em que a doença se encontra; colaborar com os dados de elucidação e esclarecimento diagnóstico; investigar o desempenho ocupacional do paciente; auxiliar na seleção de objetivos do programa de Terapia Ocupacional; investigar os resultados do programa terapêutico estabelecido; obter dados referentes à problemática e aos acompanhamentos realizados.


O manual HOPE aponta três áreas principais de intervenção da Terapia Ocupacional e Oncologia, bem como seus objetivos junto ao paciente/família:


  • Organização do Cotidiano: alcançar equilíbrio no dia a dia, elencar prioridades, encontrar atividades significativas, considerar aspectos culturais, auxiliar na relação entre hospital- assistência no domicílio.

  • Tratamento de Fadiga e outros sintomas: reconhecê-los como aspectos que afetam a funcionalidade da pessoa, prover informações e orientações sobre como tratar este sintoma e ajudar no entendimento da necessidade de mudanças e adaptações, estabelecer metas e expectativas realistas, reduzir o nível de energia utilizadas na atividades desenvolvidas pelo paciente, adaptar seu estilo de vida a partir de equipamentos e adaptações ambientais.

  • Auto estima: reconhecer que este aspecto afeta a motivação do paciente, reconhecer que o envolvimento em atividades significativas traz melhoras, ajudar a explorar sentimentos, ajudar o paciente manter seus papeis familiares e sociais, adaptar esses papéis quando necessário.

O objetivo e foco principal da Terapia Ocupacional é facilitar e capacitar o indivíduo para adquirir máxima performance funcional - física e psicologicamente - nas habilidades de vida diária, independente da expectativa de vida.” 


(Dra. Jussara Pereira, Terapeuta Ocupacional graduada pela Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto (2018) e com especialização em Hospitalar e em Atenção ao Câncer. Atualmente Terapeuta Ocupacional do Hospital e Maternidade Sino Brasileiro no Município de Osasco/SP).