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Publicado em: 22/09/2021
Ouro em Tóquio no arremesso de disco, Beth Gomes conta com a fisioterapia para seu melhor desempenho
A atleta paralímpica que, além de garantir o ouro, estabeleceu um novo recorde para o arremesso de disco. Ela também revela os riscos específicos para sua modalidade atual, para outras que já praticou, e destaca o papel da fisioterapia na prevenção e recuperação.
Em 22 de setembro o Brasil comemora o Dia Nacional do Atleta Paralímpico. E em 2021, a Paralimpíada de Tóquio deu ao país 72 razões para comemorar, com 72 duas medalhas que colocaram o Brasil na sétima posição na classificação geral.
A atleta Elizabeth Gomes, medalha de ouro e recordista mundial no arremesso de disco - ambos os feitos conquistados em Tóquio - já tem uma história construída no esporte - tanto nas modalidades paralímpicas como nas não-paralímpicas.
Antes de ser diagnosticada com esclerose múltipla em 1993, Beth era jogadora de vôlei. Mas o esporte estava na alma, e passou a se dedicar ao basquete em cadeira de rodas. com o tempo, transitou para o atletismo, onde já coleciona medalhas - ouros, pratas e bronze - em campeonatos mundiais, em arremessos de disco e de peso.
Nessa trajetória, ela viveu sob o risco das lesões típicas de cada esporte. No vôlei, eram as lesões de joelho e tornozelo. No paratletismo, os riscos são outros, e exigem tanta atenção quanto qualquer esporte. “Para atletas cadeirantes, que usam a cadeira de atletismo para fazer os lançamento, a maior probabilidade de lesões ocorrem no cotovelo, punho e ombro”, explica a atleta.
No basquete sobre rodas, riscos de lesões em colisões
No basquete sobre rodas, os riscos eram as lesões de ombro e de mãos. Mas não apenas nessas regiões. “Como o basquete é um esporte de impacto, o atleta pode cair da cadeira, numa colisão com o adversário. Nesses casos, a lesão pode ocorrer nas pernas, na , coluna. Mas, principalmente, nos membros superiores”, revela.
Para garantir o pleno desempenho, em todas as modalidades nas quais atuou, Beth contou com a atuação da fisioterapia. “O atleta, seja amador, seja profissional, casa com a fisioterapia", brinca a atleta. “A fisioterapia está ao lado do atleta, tanto na prevenção quanto na recuperação das lesões.”
Lesão antes do embarque para Tóquio
E ela revela um episódio de bastidor, envolvendo a fisioterapia.
“Antes de embarcar para Tóquio eu tive um rompimento parcial no músculo supraespinhal direito. Tive fisioterapia ao meu lado - o Dr. Marquinho - cuidando, para que eu pudesse chegar bem em Tóquio. Com toda a dedicação dos profissionais eu consegui estar lá e trazer a medalha de ouro para o Brasil”.
Dr. Marco Antonio Ferreira Alves - o “Dr. Marquinho, carinhosamente citado pela atleta - acompanha Beth desde 1996. Fisioterapeuta, mestre em Ciências da Reabilitação Neuromotora, Classificador Funcional da Federação Internacional de Basquetebol em Cadeira de Rodas, dentre muitas outras titulações e atividades, explica que o fisioterapeuta deve entender algumas questões próprias de cada deficiência.
“É importante entender questões relacionadas às lesões esportivas, mas também em relação à saúde do atleta em geral, considerando que muitos têm doenças como etiologia e co-morbidades”.
Diferenças da atuação do fisioterapeuta com atletas paralímpicos
Ele explica que, na maioria das vezes, as lesões são semelhantes às dos atletas sem deficiência. “Talvez a maior diferença não seja necessariamente na lesão, mas na sua gênese, e na melhor forma de abordagem fisioterapêutica.”
Dr. Marco Antônio explica que é preciso que se entenda, no paratleta, as questões extrínsecas, como uso de cadeira de rodas, próteses, órteses , e as questões intrínsecas, relacionadas ao tipo de deficiência (física, intelectual ou visual), a etiologia da deficiência e as sequelas. “Esse conhecimento permite, num primeiro momento, inferir como é o comportamento neuromotor, cognitivo, sensorial, autonômico e comportamental”, ensina.
Para atuar com paratletas, fisioterapeuta esportivo deve aprofundar conhecimentos
Especialista em Fisioterapia Esportiva e também com um vasto currículo com passagens por várias seleções e equipes paralímpicas, Dr. Ronnie Peterson Andrade de Sousa defende que, além do título de especialista em Fisioterapia Esportiva, é importante que o fisioterapeuta que atua com paratletas busque alguns conhecimentos adicionais, tais como o conhecimento sobre a CIFe sobre Tecnologia Assistiva.
Além dessas informações, o Dr. Ronnie aconselha que o profissional tenha pleno entendimento da modalidade do atleta, envolvendo suas regras, as especificidades, os gestos esportivos -agora na presença de uma sequela motora, cognitiva ou visual.
“Sobretudo, o profissional deve compreender a patologia de base do atleta, que muitas vezes foge da especialidade da Fisioterapia Esportiva”, acredita Dr. Ronnie. Ele cita, como exemplo, um atleta com paralisia cerebral. “Nesse caso, o fisioterapeuta especialista na área esportiva precisa buscar conhecimentos sobre a especialidade da Fisioterapia Neurofuncional, tendo em vista que estes apresentam características como espasticidade, déficit de equilíbrio, déficit de coordenação, hipotrofia e contraturas musculares, diminuição da amplitude de movimento permanente, dentre outros, que irão influenciar diretamente na performance deste atleta na prática esportiva”.
Para mais informações, Clique Aqui e leia na íntegra o artigo de opinião dos profissionais, Dr. Marco Antonio Ferreira Alves e Dr. Ronnie Peterson Andrade de Sousa.