A Câmara Técnica de Saúde Suplementar do CREFITO-3 publicou o Parecer Técnico nº 01/2025, que responde a uma demanda da Ouvidoria sobre glosas em procedimentos fisioterapêuticos com base na justificativa de “uso específico da Fisiatria”
Aprovação de projeto de lei coloca em destaque a importância da abordagem interdisciplinar no enfrentamento da seletividade alimentar de crianças diagnosticadas com TEA.
Publicado em: 29/08/2022
29 de agosto de 2022: Dia Nacional da Visibilidade Lésbica
A data é comemorada desde 1996 e recorda o 1º Seminário Nacional de Lésbicas (Senale). Neste dia, são discutidas políticas públicas de combate à lesbofobia e a visibilidade à comunidade lésbica no Brasil.
Nesta segunda-feira, dia 29 de agosto, é comemorado o Dia Nacional da Visibilidade Lésbica. Nesta data, são debatidas a luta por visibilidade da mulher lésbica, políticas públicas de combate à lesbofobia e outras reivindicações do movimento. O dia foi escolhido em razão do 1º Seminário Nacional de Lésbicas (Senale) no país, em 1996. O evento foi organizado pelo Coletivo de Lésbicas do Rio de Janeiro (COLERJ) com o tema “Visibilidade, Saúde e Organização”, que abordou temas como prevenção de ISTs, HIV-Aids, trabalho, cidadania e sexualidade. Para falar sobre a visibilidade lésbica em espaços como universidades e, especificamente, na profissão de Fisioterapia e de Terapia Ocupacional, convidamos a fisioterapeuta Dra. Natalia Cassia Maragno Meinrath e a terapeuta ocupacional Dra. Bárbara de Fátima Depole que compartilharam um relato pessoal sobre o assunto. “Observo que o Dia Nacional da Visibilidade lésbica tem sido mais valorizado com os anos, pois estamos expressando cada vez mais o preconceito contra mulheres lésbicas, e mostrar que em ambientes profissionais, educacionais e de saúde, sofremos lesbofobia com piadinhas perversas sobre nossa sexualidade, por sermos mulheres e sobre nossos corpos. Quando se é uma fisioterapeuta que atende com frequência, cria-se um vínculo com os pacientes, com trocas de experiências de vida, e principalmente a permissão do paciente para que possamos cuidar dele através do contato físico. E nessa troca de confiança, fui percebendo que era muito desagradável pra mim não compartilhar sobre minha vida quando perguntavam se eu namorava, ou era casada, ou até mesmo o paciente me seguir nas redes sociais e eu me privar de expor sem supor possíveis julgamentos. Anos atrás, fiz um curso pelo Governo do Estado de São Paulo sobre a cidadania LGBTQIA+ no SUS, e foi um susto enorme ver como o sistema de saúde desvaloriza essa população quando precisam de atendimento. Com isso, meu acolhimento e luta contra o preconceito aumentou e, a partir desse momento, eu vi importância de mostrar o que eu sou na sociedade e no meu ambiente de trabalho e que isso não me diminui como profissional, ao contrário, permite que pessoas dessa comunidade tenham um profissional de referência para serem acolhidos e tratados de suas queixas álgicas. É importante reconhecermos a discriminação, preconceito, insensibilidade e falta de conhecimento sobre as questões de saúde LGBTQIA+ entre os prestadores e acesso reduzido aos cuidados. Embora o atendimento ao paciente seja a principal preocupação, também é crucial criar ambientes de aprendizagem seguros para alunos LGBTQIA+ matriculados em programas de educação profissional de saúde. Discriminação e comentários depreciativos dirigidos a alunos LGBTQIA+ são comuns em programas de educação profissional de saúde e precisam ser tratados para fornecer a esses alunos as mesmas oportunidades que seus colegas heterossexuais e / ou cis gêneros.” (Dra. Natalia Cassia Maragno Meinrath) “Olá, Sou Bárbara, tenho 31 anos, uma mulher cisgênera, branca, 20 anos de uma vida lésbica, e no próximo ano completo 10 anos de formada em Terapia Ocupacional. Sou Especialista em Saúde Mental, Mestra em Terapia Ocupacional e hoje, quase Doutora em Terapia Ocupacional pela UFSCar- SP, onde habito meu campo de estudo e vida, com o tema de doutoramento, nós LGBTQIA+, o NOSSO CUIDADO do qual tanto lutamos, o CUIDADO SINGULAR que deve ser prestado a qualquer pessoa que chega aos serviços de saúde, muitas vezes necessitando APENAS de uma escuta qualificada e respeito. Sair do armário é o ato mais revolucionário que podemos ter na vida, e ter cursado a graduação em Terapia Ocupacional foi fundamental neste meu processo, mas também foi no curso de Terapia Ocupacional que sofri minha primeira homofobia declarada, quando um grupo de alunas questionou a minha capacidade técnica de trabalhar na área da saúde por ser homossexual. Ao concluir a faculdade, mostrando que minha vida sexual/amorosa não era definidora do meu caráter, eu pude estender a minha primeira bandeira LGBTQIA+, mesmo que ainda tímida, com medo de perder meu primeiro emprego como terapeuta ocupacional, com receio da reação das pessoas talvez colocando em xeque o meu potencial profissional devido à minha sexualidade. Mas avancei… Trabalhei em diversos lugares enquanto terapeuta ocupacional, com todas as faixas etárias, em diversos campos, e onde passei, sempre deixei claro quem eu era pessoal e profissionalmente. Tive a “sorte” de ser sempre muito respeitada, principalmente morando em uma cidade de 20 mil habitantes, bem tradicional, sendo coordenadora de um setor de uma Santa Casa de Misericórdia, tendo por todo esse período de cinco anos, minha relação homoafetiva assumida e vista por todos. O mês da visibilidade lésbica é muito simbólico para mim, pois hoje posso comemorar o SER LÉSBICA como ser parte do ser humano que sou, Bárbara – terapeuta ocupacional e pesquisadora, e quando eu deixo isso claro a todos do meu cotidiano, eu sigo tendo a oportunidade de desmistificar o tema e tornar acessível o diálogo de um tema que está tão emergente, os gêneros e sexualidades, assim produzo conhecimento sobre a Terapia Ocupacional e o cuidado em saúde mental da população LGBTQIA+, sendo uma profissional da área saúde-pesquisadora lésbica, e isso nunca interferiu no meu desempenho e na qualidade técnica do meu cuidado. Sou alguém que não fala apenas sobre o sofrimento psíquico desta população, mas alguém que se constituiu com ele, que atravessou processos e acreditou que o conhecimento pode transformar as vidas e minimizar as barreiras do preconceito. Meu cuidado enquanto terapeuta ocupacional lésbica, não vai ser melhor ou pior porque eu amo outra mulher, e sim porque eu sou uma PROFISSIONAL capacitada, especializada e que atende e respeita as singularidades de cada um que atravessa a minha clínica-pesquisa. Hoje sou militante LGBTQIA+, e uma das fundadoras e membra da Rede Lésbica de Terapeutas Ocupacionais (@redetolesbica). Essa rede já consta com mais de 82 mulheres terapeutas ocupacionais que se autodeclararam lésbicas, em diversos estados do país.
São muitas as reflexões que permeiam os diálogos e transformações ocorridas no processo constante de DEVIR a ser Terapeuta Ocupacional, mas deixo mais uma reflexão: Não precisamos ser terapeutas ocupacionais LGBTQIA+ para realizar um cuidado integral, respeitoso e inclusivo. Então, que tipo de cuidado você, terapeuta ocupacional está disposto a realizar a população LGBTQIA+?” (Dra. Bárbara de Fátima Depole)