Aprovação de projeto de lei coloca em destaque a importância da abordagem interdisciplinar no enfrentamento da seletividade alimentar de crianças diagnosticadas com TEA.
Reconhecimento da especialidade pelo COFFITO ocorreu em 13 de junho de 2008
Matéria destaca o processo de recuperação do ex-zagueiro Lúcio, que sofreu queimaduras em 18% do corpo após um acidente doméstico.
Iniciativa marca articulação bem sucedida entre os Conselhos Regionais das profissões da área da saúde e o Poder Legislativo da Capital
Publicado em: 03/03/2016
Anistia Internacional: direitos humanos pioraram no Brasil em 2015
O ano de 2015 foi marcado por mais retrocessos do que
avanços em relação aos direitos humanos no Brasil. A avaliação está no relatório da Anistia Internacional O Estado dos
Direitos Humanos no Mundo – 2015, divulgado hoje (23), que traz um panorama
da situação dos direitos humanos em 160 países.
No Brasil, o Poder Legislativo
teve papel importante nesta piora, segundo a entidade. O documento cita como
exemplo a aprovação do Projeto de Lei 2016/15 , que tipifica o terrorismo e criminaliza movimentos sociais; a
proposta de revogação do Estatuto do Desarmamento; a aprovação, pela
Câmara dos Deputados, da proposta de emenda à Constituição (PEC) que prevê a redução da maioridade penal; a aprovação do Estatuto da Família; o Projeto de Lei 5.069/13, que dificulta
abortos de mulheres vítimas de estupro; o avanço da discussão da PEC 215, que tira do Executivo a exclusividade sobre a
demarcação de terras indígenas, entre outros temas.
De acordo com o documento, indígenas e defensores de direitos humanos nas regiões ruraisforam
os grupos que mais sofreram violações de direitos humanos no Brasil em 2015.
O relatório da Anistia
Internacional também destaca o número de assassinatos de jovens negros no
Brasil, que continua crescendo em comparação com o ano anterior. De acordo com
o documento, o número total de homicídios 2015 não pode ser calculado devido à
falta de transparência na maioria dos estados, mas foi maior que em 2014,
quando mais de 58 mil pessoas foram assassinadas no Brasil.
Em relação a homicídios
cometidos por policiais em serviço, o diretor executivo da Anistia
Internacional, Atila Roque, destacou que a minoria dos casos não foi
investigada e que houve relatos frequentes de que os agentes envolvidos
tentaram alterar a cena do crime para criminalizar as vítimas.
“Em 2015, quase mês a mês, é
possível observar uma situação em que o modo de ação da polícia resultou na
morte de inocentes e crianças e de pessoas que não estavam oferecendo nenhum
risco a ninguém para serem objeto de força letal tão alta”,observou. “Fora os
autos de resistência, que, com base em pesquisas, sabemos que uma proporção
altíssima dessas mortes são execuções”, acrescentou.
Casos emblemáticos de 2015
Alguns casos de violações de
direitos humanos tornaram-se emblemáticos no Brasil em 2015. Em fevereiro, 12
pessoas foram mortas por policiais militares (PMs) e quatro ficaram feridas
durante uma operação no bairro de Cabula, em Salvador, na Bahia. A Polícia
Civil concluiu que os PMs agiram em legítima defesa. Organizações sociais
encontraram evidências de que as 12 pessoas foram vítimas de execuções extrajudiciais.
O Ministério Público condenou
as ações dos policiais militares envolvidos nas mortes e questionou a
imparcialidade da investigação conduzida pela Polícia Civil. Um dos ativistas
que denunciou a chacina foi ameaçado de morte e teve que fugir de Salvador.
Em abril, o menino Eduardo de
Jesus Ferreira, 10 anos, foi morto por policiais militares diante de sua casa no
Complexo do Alemão, conjunto de favelas na zona norte do Rio de Janeiro. Os
policiais tentaram adulterar a cena do crime e remover o corpo do garoto, mas
foram impedidos pela família e vizinhos. Após receberem ameaças de morte, a mãe
de Eduardo e outros parentes tiveram que deixar a cidade. Ele tinha sido a
quarta vítima de tiro na região em menos de dois dias.
Em setembro, um menino de 13 anos foi morto durante uma operação
policial em Manguinhos, favela na zona norte do Rio, enquanto jogava bola na
rua.
Em novembro, cinco jovens
negros com idades entre 16 e 25 anos foram fuzilados dentro de um carro em Costa Barros, zona norte
do Rio, também por policiais militares. Os policiais efetuaram mais de 100
disparos em direção ao automóvel onde estavam os rapazes.
Em Manaus, 37 pessoas foram mortas num único fim de semana de julho.
As suspeitas são de que as ações foram orquestradas por policiais em retaliação
à morte de um colega.
Em Osasco, na região
metropolitana de São Paulo, 18 pessoas foram mortas numa única noite, e as
investigações iniciais apontaram o envolvimento de policiais militares.
Remoções e movimentos
sociais
O relatório da Anistia
Internacional também cita as remoções de pessoas de suas casas para a
realização de obras dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016 como exemplo de
violação de direitos humanos no país em 2015. A falta de notificação,
indenizações decentes e reassentamento adequados comprovam o desrespeito,
sobretudo na Vila Autódromo, ao lado do Parque Olímpico, zona oeste do Rio.
A entidade destaca a atuação de movimentos sociais, sobretudo de jovens e mulheres, na luta contra os retrocessos nos direitos humanos em 2015. “Acho que no momento em que o Brasil vive um enorme descrédito em relação à política de maneira geral, é alentador e positivo ver a juventude não desistir da disputa por valores, do protagonismo da vida pública, de fazer um esforço de influenciar os governantes e o Congresso”, avaliou Atila Roque.
Com informações da Agência Brasil