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Matéria destaca o processo de recuperação do ex-zagueiro Lúcio, que sofreu queimaduras em 18% do corpo após um acidente doméstico.
Iniciativa marca articulação bem sucedida entre os Conselhos Regionais das profissões da área da saúde e o Poder Legislativo da Capital
Publicado em: 03/03/2016
Instituto em Salvador cria grupo de atenção a crianças com microcefalia
A pequena Geovanna nasceu há quatro meses e é uma das 395
crianças soteropolitanas afetadas pelos efeitos do vírus Zika. Diagnosticada
com microcefalia, a menina é levada uma vez por semana, pela mãe Sílvia de
Jesus Pinheiro, ao Instituto Bahiano de Reabilitação (IBR). Um grupo de atenção
às famílias de crianças com microcefalia foi criado no local.
Mãe de Geovanna e professora
do Bairro Nordeste de Amaralina, na periferia de Salvador, Sílvia diz que a
orientação dos profisisonais vai ajudá-la a estimular o desenvolvimento da
filha.
“Aqui tenho toda a assistência
e começamos hoje a participar do grupo com outras crianças. As expectativas são
maravilhosas, sempre com muito otimismo, a certeza de que o bebê vai se
desenvolver e sabendo que as pessoas estão aqui para ajudar com isso”, diz a
mãe da menina, que já foi atendida duas vezes, antes do início do grupo.
O instituto criou recentemente
um protocolo que cria o grupo de atendimento especializado, específico para a
microcefalia associada ao Zika, já que apresenta efeitos mais severos que a
malformação não relacionada ao vírus.
Equipes formadas por quatro profissionais de psicologia, fonoaudiologia, terapia ocupacional e fisioterapia já começaram a cuidar de sete crianças com microcefalia. Como o atendimento é novo, o número de crianças ainda é considerado baixo, mas tende a aumentar, segundo o coordenador do IBR, Rogério Gomes.
“Essas crianças estão chegando aos atendimentos agora,
então, com certeza, esse número vai ser maior que o que a gente tem hoje. A
estrutura já está montada para atender a esses sete, mas existe um processo de
triagem e avaliação e, conforme for surgindo a demanda, a gente vai ampliando o
atendimento”, explica.
A psicóloga Júlia Reis conta
que a atenção dela é direcionada principalmente, às mães, já que se deparam com
uma situação nova e desafiadora.
“O trabalho diferencial da
psicologia é dar razão a essas mães. Elas têm razão de estarem preocupadas e de
se sentirem desesperadas, em algum momento e, ao mesmo tempo, [o trabalho é]
acolher esse sofrimento, trabalhar todo esse sofrimento, levando-as a estimular
seus filhos, a vê-los não como uma patologia ou uma microcefalia, mas como um
filho delas”, afirma a profissional, que acompanha a mãe de Geovanna, Sílvia de
Jesus Pinheiro.
“Sílvia já sinalizou pra gente
o quanto mudou o dia a dia dela, a partir do momento em que [descobriu que]
precisava estimular Geovanna. Ela já sabe que a filha precisa de atendimento
especial, de estimulação mais específica. Mas é a filha dela, tem o olho no
olho, tem o amor, o aconchego. Nesse grupo, as crianças têm pouca idade, o
trabalho da psicologia é mais forte. Cuidamos da mãe, para que ela possa cuidar
da criança”, acrescentou a psicóloga.
Segundo o último balanço da
Secretaria de Saúde da Bahia, entre outubro de 2015 e 27 de fevereiro deste
ano, 817 casos de microcefalia foram notficados em todo o estado. Salvador
lidera o ranking das cidades com maior número de casos. Sílvia
conta que a surpresa, no momento do diagnósico, é natural, mas isso não deve
comandar a rotina da família.
“A diferença é só essa: a mãe
de um bebê com microcefalia é mãe, mas é um bocado de especialidades (socóloga,
fisioterapeuta, terapeuta ocupacional). O amor supera tudo. O bebê com
microcefalia precisa se sentir amado e esse amor quem passa, antes de qualquer
pessoa, é a mãe. A relação mãe e filho deve ser centrada no amor,
independentemente da microcefalia, disse emocionada.
Segundo os especialistas,
Geovanna é nova no instituto, mas já apresentou avanços: tem se acostumado às
músicas de boas-vindas, à troca de roupa como estímulo corporal e à presença de
outras crianças.
O IBR é uma entidade filantrópica e funciona há 60 anos. Referência no estado em reabilitação, o instituto atende a qualquer pessoa com pedido e laudo médico e carteira do Sistema Único de Saúde.
Com informações da
Agência Brasil