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Matéria destaca o processo de recuperação do ex-zagueiro Lúcio, que sofreu queimaduras em 18% do corpo após um acidente doméstico.
Publicado em: 27/04/2016
Médicos brasileiros já preservam mamilo em cirurgias de câncer de mama
Pesquisadores
da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) têm agora condições de reduzir o
número de mastectomias mutiladoras em pacientes com câncer de mama, graças a
estudos efetuados em São Paulo, que usaram exames de ressonância magnética e de
congelação que identificam se o tumor comprometeu ou não o mamilo, contribuindo
para a sua preservação na cirurgia.
A associação
dos dois métodos já está sendo adotada, na prática, no Hospital das Clínicas da
Universidade de São Paulo (USP), segundo o coordenador do estudo, José Roberto
Piato: “Quando se associa os dois (exames), consegue-se preservar o
mamilo com uma segurança enorme. Só tiramos o mamilo, hoje em dia, quando ele
está tomado pela doença e não indiscriminadamente, mutilando as mulheres, como
se fazia sempre”.
A ideia é
estender isso para toda a prática clínica, no país, inclusive no âmbito do
Sistema Único de Saúde (SUS), diz o coordenador do estudo José Roberto
Piato. O grande problema, explica, é a reconstrução do mamilo, que aparece como
principal causa de insatisfação em uma cirurgia plástica de reconstrução
mamária.
O primeiro
estudo envolveu 170 pacientes de câncer de mama residentes em São Paulo. As
mulheres, submetidas à mastectomia clássica, de retirada completa de glândulas
mamárias, pele, auréola e mamilos, fizeram ressonância magnética, que é um
exame de imagem, para verificar se havia invasão tumoral do mamilo.
Membro da
SBM, José Roberto Piato explica que, tradicionalmente, a mastectomia inclui a
remoção da auréola e do mamilo: “De uns tempos para cá, temos tentado fazer
cirurgias mais conservadoras, no sentido de preservar o mamilo, porque o
resultado estético é muito melhor. Isso é importante para a cabeça da paciente.
A mama compõe a imagem corporal da mulher e a preservação do mamilo interfere
com a questão da sexualidade e com a feminilidade”.
O esforço,
conforme Piato, é no sentido de preservar o mamilo mas, quando existe um tumor
na mama, muitas vezes ele se estende até o mamilo, de forma até microscópica,
que não é visível a olho nu. Nessas situações, é importante que o mamilo seja
removido.
Finalidade
estética
Os métodos
desenvolvidos objetivam mostrar em que situações o câncer se estende ou não até
o mamilo. Na ressonância magnética, é injetado um contraste no sangue que
costuma ser captado pelo tumor de mama como uma espécie de brilho, chamado
realce.
“Essas
pacientes, antes de terem as mamas removidas, foram submetidas a esse exame”,
relata Piato. Os pesquisadores tentaram, então, determinar se as variantes
analisadas tinham relação ou não com o comprometimento do mamilo. As mamas
removidas foram encaminhadas ao patologista, enquanto o radiologista revia os
exames de ressonância efetuados.
José Roberto
Piato informa que quando o exame de ressonância mostra um realce que se estende
de forma contínua desde o tumor até a papila (mamilo), a chance de
comprometimento do mamilo é alta. Quando não existe esse realce contínuo, “em
90% das vezes, o mamilo está livre (do câncer)”.
Outro achado
importante apontado pela ressonância magnética é que quando o mamilo está
retraído ou repuxado, a chance de comprometimento é grande. “Agora, quando não
existe nenhum dos dois, se não tiver nem o realce se estendendo do tumor até a
papila, nem a retração da papila, a chance de ela estar livre é mais que 90%”,
assegura Piato.
Esse estudo é
complementado por outro, com a mesma finalidade de descobrir se o tumor chegou
ou não ao mamilo, também coordenado pelo mastologista e publicado na revista
internacional European Journal of Surgical Oncology no final do ano passado. A
diferença é que ele é feito na hora da cirurgia por um exame de congelação,
segundo o médico: “Removemos um tecido atrás do mamilo e entregamos para o
patologista. Ele faz uns cortes de congelação e olha no microscópio. Se estiver
livre, não tiramos o mamilo”. Enquanto o exame de ressonância dá 90% de
segurança para os cirurgiões, o exame de congelação permite 99% de segurança,
revela Piato.
De acordo com
o Instituto Nacional do Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca), ligado ao
Ministério da Saúde, o Brasil terá este ano 57.960 novos casos de câncer de
mama. A incidência da doença tem aumentado entre 1% a 2 % ao ano.